No ponto culminante das indagações um ar de desistência. Seria o cansaço do caminho ou a decepção do
encontro de si mesmo?
O ar opaco, sem brilho, a névoa densa dificulta a visão e as
descobertas se misturam nos vãos do egoísmo quando, na brancura dos montes de altas
altitudes, vê-se que ainda é cedo para edificar-se.
Buscas intermináveis da existência!
Fronteira do universo interior, o topo é início da verdade onde
a cordilheira enevoada questiona a culminância ao caminhante.
Viajante das expectativas de intermitentes respostas, pelo
simples caminhar ou embarcar em aventuras, surpresas, curvas imprevisíveis e
despenhadeiros. Início da partida, início do retorno, início do final.
Onde foram deixados os
farois que se acenderam no pico dos anseios?
Ou teriam surgido de inconsciente jornada?
Em cenário ímpar, ator em seu protagonismo persegue o
vilão.
Sombras surgem entre as nuvens, e
os pensamentos continuam enclaustrados na poeira cósmica dos sentidos vazios
das perseguições desenfreadas.
O topo provoca torpor gélido e, em consequência, pairam
frieza e dissabor.
Impossível, pois, elevar-se, quando os pés que pisam a
cumeeira, pisotearam vidas em canteiros.
Considerando a natural evolução, as paisagens íngremes são
desejos de conquistas ou terror das memórias. Enganam as posturas humanas pressupondo a calma. Engana-se o
olho que vê sem perceber que enxergar é bem mais profundo e requer luz e
transparência. O olho humano, ainda que
descreva imagens em seus mínimos detalhes, dificilmente percebe além. Além tão próximo e tão distante, entre dois mundos
descontentes.
A vida leva-nos a viagens
incríveis. Pisamos em alturas, chegamos a sentir as nuvens, vemos paisagens
inusitadas, adquirimos conhecimentos, alimentamos sonhos, acordamos ofegantes e
trêmulos diante de pesadelos e, ao “acordarmos”, o dia e a noite são rotas a
seguirmos.
O trilhar é constante! Idas e vindas oportunas.
Ah, pudéssemos fotografar
a expressão de nossas faces perdidas e encontradas nas indagações...
De frente, demais coragem
para adentrar o mar anuviado dos sentimentos sôfregos e descrentes do próprio
eu. De costas para o ego, seria bem
provável enfrentá-lo.
Ao que ficou não tem mais volta.
Ao bastão, guia e apoio de escaladas, um descanso de perfil.
Estaria sereno ou o desespero o tenha
levado ao topo da desesperança?
Ventos que venham abrirem frestas nas rochosas personagens dos
tormentos! Enquanto isso, espera-se por um
raio que seja luminoso. Não se está só! Lembranças ressoam em companhia de um frio
que se acomoda na temperatura da existência humana.
SOU! Sou centelha de
amor! E sendo amor, devo tudo ao recomeço!
Sou viajante sobre o mar de
nevoeiro!
Sei que sou indivíduo e objeto de julgamento.
Maria das Graças Araújo Campos. INDAGAÇÕES DO PRÓPRIO EU.
MG. Brasil.
Graça Campos, 28/03/2015.
Lincença Criative

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